JEREMIAS CIPRIANI
( Brasil – Santa Catarina )
Nasceu em Nova Trento, Santa Catarina, em 16 de maio de 1959.
Professor, músico e poeta.
Classificou poemas no I e II Concurso Nacional de Poesia Fernando Pessoa, em Minas Gerais.
Ocupou o cargo de Secretário Municipal de Cultura e Turismo, em Nova Trento, de 1991 a 1995.
VOZES POÉTICAS – antologia de poetas neotrentinos. Florianópolis: Paralelo 27, 1995. 124 p. Coleção Poesia contemporânea, v. 7. 13, 22,5 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
MÁGOAS
Vem a chuva!
Transborda o regato,
Erosão nas suas margens,
Leva tudo.
Vem a chuva!
Lava o gramado todo empoeirado.
Inunda o bairro.
Leva tudo, lava.
Vem a chuva!
Chuva que não molha, nem lava
As mágoas do meu coração,
Me inunda de paixão,
Não me deixa na fonte passar.
Me cerca, ilhado,
Já todo molhado.
Vem a chuva!
Não lava o meu peito a dor do passado.
Cada qual carrega suas mágoas,
Que a chuva não leva nem lava.
Talvez melhor uma mágoa,
Do que a fúria das rebeldes águas...
RISOS E CANTOS
Então, sorri...
Do cantarolar com palavras impostas,
Cérebro e subconsciente ativos.
Arremessando termos ao ar,
Criança sorriso do lar.
Então, sorri...
Ouvindo o sorriso ardente,
Brancos dentes, olhar feliz,
Nos passos o leve salto,
No pensar argumentando o feto,
Criança, balanço do mar.
Então, sorri...
Quando vi relatar nos olhos
Sua imagem tão pura
Cantarolando, sorrindo à toa,
Para uma vida esmagadora e tola,
Criança, vida, esperança e paz.
Então, Sorri....
Porque achava graça em tudo,
Inocente abraça o mundo,
Tão pequena e tão profunda,
Na medida do seu ser capaz.
Então, emudeci...
Percebendo que não sou nada.
Como posso sorrir sem entender
Conseguir ser grande e florescer
Se não sei ser ruma criança amada?
Como posso dar-me à vida,
Quando por ela passei,
Sem conseguir ver o rastro
E as pegadas que deixei?
INSPIRAÇÕES POÉTICAS
Inspirações poética são como
as flores em botão.
Vêm do nada, desabrocham e se vão...
Mas, sempre fica o perfume
De um momento de ilusão.
AS ÁRVORES
Árvores, belas árvores!
Cheias de ninhos a embalar
Perfeitas noivas vestidas de verde,
Painel do mais belo altar.
Árvores, grandes árvores!
Gigantes e soberanos com ninguém;
Suas flores perfumam o mundo,
Seus mantos verde revestem o além
Árvores, minhas árvores!
Seus troncos são morada,
Seus frutos, meu alimento
Que me permite seguir nesta caminhada.
Árvores, velhas árvores!
Cansadas e sofredoras,
Não suportam a fera humana
Com tanta força devastadora.
Árvores, lutadoras árvores!
Continuem insistindo, por saber
Que mais vidas, são vida
Que dão ânimo a todo o ser.
VENTO
Embala, em suaves movimentos,
A grandeza inócua e soberana
De folhas e flores a embalar
O tom suave e encantador da vida.
Não! A ausência não se faz presente
A leve brisa dá vida de vidas,
Entoa e faz preludiar
Tonalidades escuras e barulhentas de um trovão.
*
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Página publicada em março de 2023
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